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Bem-vindos(as) ao ambiente virtual de aprendizagem sobre Candida auris. Este espaço dispõe de materiais educativos e informativos, que podem ser consultados abaixo. Objetiva-se proporcionar mais uma ferramenta de aprendizagem e concentrar o acesso a informações oficiais do estado de Pernambuco, proporcionando ampla divulgação para profissionais de saúde, estudantes de graduação, profissionais residentes, instituições de ensino. E, neste sentido, apoiar os Núcleos de Educação Permanente e os centros de estudos dos hospitais pernambucanos.
Candida auris é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global, pois pode causar infecções invasivas, graves e associadas à alta mortalidade (30-60%), podendo apresentar características de multirresistência e levar à ocorrência de surtos em serviços de saúde.
A palavra auris vem do latim e significa ouvido devido o primeiro relato se tratar de uma infecção nessa topografia mas, apesar do nome, C. auris também pode afetar muitas outras regiões do corpo, além de causar infecções invasivas, como as de corrente sanguínea, caracterizando as candidemias. Além disso essa espécie já foi isolada de feridas, amostras respiratórias e de urina, na maioria dos casos, apenas como colonizante.
Diversas evidências sugerem que o ambiente pode ser o principal reservatório da C. auris, levando a sua disseminação por meio de superfícies e equipamentos contaminados, incluindo os de assistência ao paciente (tais como: estetoscópios, termômetro, esfigmomanômetro etc.), ou, ainda, por contato direto com os pacientes. A persistência e a propagação do fungo, apesar de todas as medidas de prevenção de infecção, deve-se a alta transmissibilidade, a capacidade de colonizar rapidamente a pele do paciente e o ambiente próximo a ele e a uma resiliência as condições ambientais. Pacientes podem permanecer colonizados assintomáticos por meses. Esse seu comportamento se assemelha bastante ao Clostridioides difficil e, quanto a resistência no ambiente e dificuldade de erradicação. Esse fato associa a C. auris a episódios de surtos em serviços de saúde, ocasionando diversos prejuízos.
Quando avaliados os fatores de risco do hospedeiro para o desenvolvimento de infecções por C. auris, eles não se mostraram diferentes dos associados a infecções por outras espécies de Candida. Estes incluem: internação em instituições de longa permanência para idosos (ILPI) e hospitais, principalmente em unidades de terapia intensiva (UTI) por longos períodos, uso de cateter venoso central ou outros dispositivos médicos invasivos (sonda vesical de demora, sondas para alimentação enteral ou tubos para ventilação mecânica), além de cirurgia recente, diabetes e uso de antimicrobianos de amplo espectro. A identificação de C. auris requer métodos laboratoriais especializados, visto que os métodos bioquímicos convencionais (manuais e eventualmente automatizados) e aqueles com base em análise morfológica não conseguem identificá-la, as taxas reais de incidência e de prevalência globais não são conhecidas, desta forma, com provável subnotificação de casos.
No final de 2021, o estado e Pernambuco teve seu primeiro caso de C. auris identificado e até o momento são 67 casos de C. auris registados no âmbito estadual. No decorrer do ano de 2022, 48 pacientes foram confirmados com o fungo em dois hospitais da rede pública: 47 casos no Hospital da Restauração e um (1) caso no Hospital Miguel Arraes. Considerando cada evento com casos positivos em serviço hospitalar como um novo surto, o estado vivencia o nono surto desde o primeiro caso positivo no final de 2021. Em 2023, foram seis surtos com 14 casos de C. auris, envolvendo seis hospitais: cinco (5) casos no Hospital Miguel Arraes; cinco (5) casos no Hospital Tricentenário; um (1) caso no Hospital da Restauração; um (1) caso no Hospital das Clínicas; um (1) caso no Hospital Real Português e um(1) caso no Hospital Santa Terezinha. Todos esses registros do ano de 2023 foram casos confirmados de colonização. Em 2024, até o momento, tem-se um novo surto com cinco (5) casos no Hospital Getúlio Vargas, sendo três (3) casos confirmados de colonização e dois (2) de infecção.
A Apevisa vem em conjunto com os serviços de saúde desenvolvendo os planos de vigilância, monitoramento e controle da C. auris e de contingência para resposta a surtos provocados por este patógeno, atualizados em consonância com o perfil de atendimento e características estruturais do estabelecimento. O funcionamento dos hospitais com taxa de ocupação acima da capacidade instalada, a infraestrutura dos hospitais mais antigos carecendo de reformas para adequação às normas sanitárias, bem como o subdimensionamento das equipes de limpeza e desinfecção hospitalar, tem-se mostrado como grandes desafios ao efetivo controle deste patógeno nos hospitais da rede pública de saúde.
De forma geral, um conjunto de medidas integradas deve ocorrer para a detecção e controle oportuno de C. auris em serviços de saúde: adesão de todos os trabalhadores da saúde, acompanhantes e visitantes à higiene correta das mãos; uso das precauções de contato; limpeza e desinfecção ambiental (limpeza concorrente e terminal) e de equipamentos/dispositivos reutilizáveis com produtos adequados; rápida comunicação para os estabelecimentos de saúde da Rede sobre colonização de pacientes com C. auris para viabilizar transferências seguras entre instituições; notificação imediata de casos suspeitos ou confirmados; vigilância laboratorial de contatos para identificar possíveis colonizações por C. auris e vigilância laboratorial de amostras clínicas para detectar novos casos. O envolvimento de toda comunidade hospitalar é fundamental para que as medidas sejam adotadas na íntegra, nos vários setores do serviço.